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«A Educação e a Escola “Os Nós e os Laços”»

COLÓQUIO NA ESCOLA SECUNDÁRIO JOSÉ FALCÃO

Laborinho Lúcio foi o Orador deste colóquio, e ali quis discutir a Escola dos nossos dias, colocando em cena os “nós e os laços” que a visitam.

Ao longo de mais de duas horas, abordou a educação como uma questão política e ideológica, passível de ser discutida por todos, não a relegando para uma área técnica reservada a especialistas. Defendeu a escola como “um espaço público que quer ser um espaço de discussão sobre a educação, um espaço de influência na educação e um espaço a influenciar pela educação”.

LL02O ex-Ministro da Justiça referiu que, hoje, no planeamento das estratégias para a educação, “existe uma tendência, ora para contrapor, ora para fazer convergir, uma conceção funcionalista e utilitarista, vendo a educação como instrumento do desenvolvimento económico, formando produtores e consumidores para o mercado (centrada que fica na «aprendizagem», na ideia da empregabilidade e no desejo simplista de resultados eficazes), e uma conceção essencialista ou substantivista, perspetivando a educação como instrumento de cidadania, de solidariedade e de democracia, mais virada para a eficácia dos conteúdos”.

Laborinho Lúcio defende um modelo de educação que “não exclua a criatividade, a contingência ou a subjetividade, nem tão pouco a explicação, o rigor científico e a objetividade. Para além de transmitir conhecimentos, é necessário desenvolver nos alunos a capacidade de saber aprender e refletir, criticamente, sobre esses conhecimentos e sobre a abundância de informação”.

LL03Perante muitos pais e professores, pessoas ligadas ao direito e à justiça e representantes de Instituições públicas da Cidade de Coimbra, nomeadamente, do Tribunal de Família, Instituto de Proteção de Crianças e Jovens, Centro Educativo de Coimbra e CICAD, o político e juiz, defendeu que a “escola deve ensinar a pensar, a escolher, e a fazer; deve ser produtora de pensamento crítico, não de certezas; deve abrir-se à comunidade e fazer perguntas e sabendo que não sabe, deve procurar”, prosseguindo “o saber como inteligência, moralidade e sensibilidade”. Uma escola que educa para os “Direitos” – direito à inclusão, direito à voz e direito à representação, num contexto de heterogeneidade.

Referenciando Nelma Baldin e Cristina Albuquerque “trata-se, portanto, de um paradigma de conhecimento integrativo, dinâmico e flexível, que rejeita o automatismo técnico, científico e a lógica performativa e utilitarista do conhecimento científico moderno e, como tal, assume a responsabilidade, ética e educacional de, orientação para o ser humano e seus respetivos condicionantes”.

Citando Ivo Mattozzi, que proclama para uma sociedade do conhecimento futura, uma sociedade de cidadãos altamente competentes. Pergunta “o que significa tal proclamação”?

LL07Em alternativa, “teremos os que praticam o pensamento único, que apenas querem reproduzir modelos, regendo-se pela indiferença e pela obediência, e os que seguem o pensamento crítico, que respiram inovação, confronto, mudança, risco, incerteza, busca, criatividade e dissidência, e que querem pensar, escolher e não só fazer”.

Ora, “uma escola criadora de pensamento crítico, tem de se inserir, com reciprocidade, na comunidade e tem de fazer conviver (um clássico modelo de comunicação vertical, hierarquizado e burocrático com um modelo de comunicação horizontal, heterarquizado e democrático) ”.

É necessário, assim, “compreender o espaço escolar e a sua geografia humana e, sobretudo, identificar os fatores de mudança que conduziram ao seu atual desenho, apreendendo o sentido da norma, tanto na fixação de valores como na padronização de comportamentos e de saberes”.

Tudo isto, Laborinho Lúcio, cidadão aberto ao mundo, revisitou naquela noite chuvosa de fevereiro, na Escola Secundária José Falcão, numa iniciativa da Associação de Pais e Encarregados de Educação.

Ver Notícia do Diário de Coimbra (26-02-2014)

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